Na cerimônia que marcou a instalação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), realizada nesta sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro destacou o longo histórico de debates que levou à criação da nova corte e disse que, a partir de agora, a população terá mais celeridade nos processos.
Bolsonaro elogiou o empenho dos ministros Humberto Martins e João Otávio de Noronha – atual e anterior presidentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – na condução do processo de criação do TRF6. Ele lembrou as dificuldades para a tramitação do projeto em meio à pandemia da Covid-19, mas ressaltou o êxito da iniciativa que culminou com a aprovação da proposta pelo Congresso Nacional.
O presidente disse ter tido dificuldade para escolher os nomes dos novos desembargadores federais para a primeira composição do TRF6, a partir das listas enviadas pelo STJ, por serem todos os candidatos de alto nível profissional, e lhes desejou boa sorte no trabalho que se inicia. "Tenho certeza que, com paz no coração, os senhores distribuirão justiça para todos em nosso Brasil", declarou.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz Fux, falou sobre os efeitos nocivos da ausência do TRF6 para a Justiça Federal, especialmente em relação à demora na tramitação de processos.
Segundo o ministro, a injustiça em uma sociedade não tem relação apenas com o mérito das decisões judiciais, mas com a morosidade do Judiciário e a dificuldade das pessoas para obter uma solução em seus litígios.
"O legado construído pelo TRF6 não garantirá somente maior acesso à Justiça, ao conferir maior capilaridade à Justiça Federal no estado de Minas Gerais, como também otimizará a tramitação, a análise e o julgamento dos feitos – concretizando o postulado constitucional da duração razoável do processo", afirmou o magistrado.
Ao homenagear os desembargadores empossados, Fux destacou os desafios da magistratura e ressaltou a importância dos julgadores para a construção de um sistema de Justiça democrático e acessível. Para o presidente do STF e do CNJ, especialmente na judicatura colegiada, os juízes devem sempre manter a sensibilidade, o apego ao conhecimento e a superação de diferenças.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, destacou que as dimensões de Minas Gerais e a forte demanda sobre o TRF1 exigiam a revisão da estrutura da Justiça Federal. Ele mencionou dados do Relatório Justiça em Números de 2018, publicado pelo CNJ, segundo os quais a área do TRF1, em sua antiga configuração, correspondia a 80% do território nacional, abrangia 46% dos municípios do país e atendia 37% da população brasileira.
Pacheco salientou a importância da atuação conjunta dos três Poderes para a aprovação do projeto de lei que deu origem ao TRF6. "Foi um exemplo salutar de harmonia entre os poderes da República. O Poder Judiciário propôs o projeto de lei através do STJ. Câmara e Senado aprovaram, e o presidente da República sancionou sem vetos aquele projeto", lembrou.O primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Lincoln Portela, comentou que o número de membros do novo tribunal – 18 desembargadores – lembra a idade da maioridade civil no Brasil. O novo tribunal, para ele, é um sinal de maturidade da Justiça brasileira. O parlamentar também destacou o simbolismo de um tribunal que começa sua trajetória sob a presidência de uma mulher, a desembargadora Mônica Sifuentes.
Portela lamentou a situação das famílias de Minas Gerais que, durante a pandemia, tiveram dificuldade para acessar o Judiciário federal, mas exaltou a possibilidade de que a nova corte mude esse quadro.