Exposição "A Parte e o Todo
 
 
 
 
12/07/2019 15:03

...

​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​​8
de
AGO
​Exposição

"A Parte e o Todo"

Abertura:

8 de agosto de 2019 às 18:30h

Local:

Espaço Cultural STJ

Autora:​​

Pablo Manrique

Descrição:

Pablo Manrique, artista plástico da Colômbia radicado no Brasil, volta novamente à Brasília com um novo ciclo de seus trabalhos e temos uma ótima surpresa. O mundo vegetal e o mar são agora os grandes temas, o centro espiritual desta mostra. Mas, fiquemos atentos, não são meras paisagens. Há uma intenção metafísica nestas novas telas. Podemos dizer que há uma retomada do orfismo nestes quadros.​​

Na história da arte, o orfismo inaugura uma tendência à abstração, a partir de 1911, em Paris. O termo é usado inicialmente pelo poeta francês Guillaume Apollinaire e remete à figura de Orfeu da mitologia grega e suas formas puras da música que seduzia inclusive os animais. Estava implícito nesta música, o poder espiritual que toda arte carrega consigo. O correlato desse poder nas artes plásticas seria buscado principalmente por Delaunay ao privilegiar um dinamismo cromático e energético em suas telas levando a aventura moderna diretamente às primeiras experiências abstratas.

Mas, há algo mais nestas experiências órficas. O orfismo pressupõe também uma concepção unitária do universo a partir de uma energia primordial que a tudo dá nascimento e permite que as formas se transformem umas nas outras, numa metamorfose sem fim. E aqui reencontramos a experiência plástica de Pablo Manrique que retoma este conceito antigo do orfismo e o leva a um figurativismo quase abstrato. Mas, inteligentemente, ele se detém neste limite. Algumas formas ainda lhe interessam, embora apontem para algo que está para além delas.

Para isso, Pablo Manrique elege dois mundos magníficos, o mundo vegetal e as águas primordiais dos oceanos. Os dois mundos obedecendo ao princípio órfico de que todas as coisas participam de um princípio puro único. Então, não nos espantemos que folhagens formatem, inesperadamente, um cavalo que poderia, igualmente, ser mera vegetação. Que as ondas do mar sejam também peixes, que rostos sejam vislumbrados em meio às folhas, enfim, que tudo pareça uma única coisa e, ao mesmo tempo, esteja cheio de individualidades vislumbradas rapidamente. A serviço deste ilusionismo temos a técnica requintada de Pablo Manrique que consegue obter transparências inesperadas das tintas acrílicas que utiliza, de secagens rápidas, normalmente consideradas pouco versáteis pelos pintores, mas que em suas mãos assemelham-se a pinceladas superpostas de aquarela.

Como um demiurgo, Pablo Manrique comanda este estranho mundo de formas em metamorfoses perenes e, por alguma razão, que só os artistas entendem ou pela predominância do mundo vegetal nesta obra, exige que a maioria desses quadros tenha nuances em tons verdes como também quis um dia o poeta Federico Garcia Lorca em seus versos “verde que te quero verde”. Poetas e pintores decidem as cores do mundo.  Ao mesmo tempo, esses quadros respondem ao imperativo de Paul Klee quando nos alertou que “a arte não reproduz o visível; ela torna visível”.

Esta é, portanto, uma rara e intrigante exposição que nos permite retornar a um figurativo que se recusa a ter uma forma fechada e nos incita a ver mais do que lá está. Quadros que exigem do nosso olhar uma intencionalidade para além daquilo que o pintor permite ver. Uma pintura órfica no melhor sentido dos mistérios antigos.​

Informações:

61 3319.8521/8460
[email protected]

Endereço:

SAFS – Quadra 6 
Lote 1, Trecho III  
Edifício dos Plenários 
2º andar/Mezanino​​