Um olhar mais humano e fraterno no trabalho do Judiciário. Essa é uma das principais temáticas que permeiam a obra Debates Contemporâneos da Justiça Penal – Estudos em homenagem ao ministro Reynaldo Soares da Fonseca, lançada na noite desta quarta-feira (30) no Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A coletânea foi organizada pelos defensores públicos William Akerman, Rodrigo Casimiro Reis e Maurilio Casas Maia.
A obra conta com apresentação da ministra Nancy Andrighi e prefácio do ministro Rogerio Schietti Cruz, além de posfácio da ministra aposentada do STJ Eliana Calmon. No total, são 21 autores de diferentes campos de atuação jurídica.
Reynaldo Soares da Fonseca disse que a real estrela da obra é o direito penal mais humano. "Essa homenagem nasceu da iniciativa de vários defensores públicos, e minha carreira passa por essa área, mesmo antes da Constituição Federal de 1988", afirmou. Segundo ele, o livro tem seu foco na Justiça penal, marcada por dramas humanos. "É necessário um olhar mais atencioso para os mais vulneráveis, para os que têm menos acesso à Justiça", opinou.
Para o magistrado, um dos pontos mais dramáticos da situação brasileira é o sistema carcerário, que aprisiona principalmente jovens negros e pobres. "Nosso sistema carcerário já é apontado como inconstitucional. São necessários novos mecanismos, como a mediação, e um olhar que separe o joio do trigo, tratando diferencialmente a macrocriminalidade de pequenos delitos que têm pouco ou nenhum impacto social, e investindo na ressocialização. Temos que dar a chance de abrir a janela e ver o sol", completou.
O ministro destacou que o livro reúne a contribuição de muitas pessoas com as quais conviveu no início da carreira. "Quando ingressei na magistratura, tive o prazer de trabalhar com a agora ministra Andrighi, na Justiça Federal do Distrito Federal. Desta também veio o ministro Schietti. Também tive a honra de trabalhar com Assusete Magalhães e conheci a ministra aposentada Eliana Calmon quando ela dirigia o Núcleo de Preparação da Magistratura da 1ª Região", relembrou, mencionando ainda outros profissionais com quem conviveu ao longo de sua trajetória na magistratura.
O organizador William Akerman apontou o ministro Reynaldo como um dos artífices da reconstrução constante da Justiça criminal. "Há temas nesses capítulos muito caros ao ministro, como as soluções consensuais e a clemência no tribunal do júri", comentou. Já Casimiro Reis avaliou que o ministro tem dado importantes contribuições para os debates na área penal, como a rejeição à possibilidade de pronúncia do réu com respaldo exclusivamente em dados colhidos no inquérito policial.
O terceiro organizador, Maurilio Casas Maia, observou que o livro teve a colaboração de juristas do Norte ao Sul do país. "Esse volume é uma homenagem a todos os ministros que trabalham por uma visão humanizada do sistema jurídico brasileiro e miram o trabalho inspirador do ministro Reynaldo", declarou.
Paula Thieme Kagueiama, assessora do gabinete do ministro Joel Ilan Paciornik e autora de artigo que trata da falibilidade da prova testemunhal no processo penal, disse estar honrada em participar da homenagem: "Tratar de um tema tão caro aos valores de quem vê a Justiça de uma forma mais humana, como é o caso do ministro Reynaldo, é um privilégio".
Autor do prefácio, o ministro Rogerio Schietti declarou que a obra exalta uma carreira vitoriosa. "Testemunhei, ainda como membro do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o início da jornada do ministro Reynaldo, então juiz de direito, e, depois, toda a evolução desse grande humanista até chegar a esta corte. É um prazer fazer parte dessa história", afirmou.
Para a ministra aposentada Eliana Calmon, o homenageado tem uma vida toda dedicada à Justiça. Sobre o livro, disse que é "completo", pois "aborda temas importantes, com autores oriundos tanto da comunidade acadêmica quanto do sistema de Justiça".
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin compareceu ao evento para prestigiar o amigo de longa data que, segundo ele, dedica-se à defesa dos mais vulneráveis desde o início de sua carreira jurídica. "O livro é triplamente relevante: pelo tema, pela iniciativa e pelo homenageado", comentou.
A ministra presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura, compôs a mesa do evento juntamente com a ministra Nancy Andrighi e o ministro Rogerio Schietti. Também estiveram presentes as ministras Laurita Vaz, Isabel Gallotti e Assusete Magalhães; os ministros Humberto Martins, Benedito Gonçalves, Antonio Carlos Ferreira, Sérgio Kukina, Joel Ilan Paciornik e Gurgel de Faria; os desembargadores convocados Jesuíno Rissato e João Batista Moreira; os ministros aposentados do STJ Cláudio Santos, Aldir Passarinho Júnior e Napoleão Nunes Maia Filho; e o ex-governador do Maranhão Edison Lobão.
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